Atualização de post em 24/04/17: infelizmente esse restaurante foi fechado, mas em breve o chef Xavier Gamez abrirá um novo restaurante em São Paulo. Uma grande perda para Porto Alegre!
Já fazia dois anos da nossa primeira experiência no Xavier260. E ela já tinha sido perfeita, a ponto de o considerarmos um dos 5 melhores restaurantes de Porto Alegre (veja esse post). Essa semana voltamos lá e fomos mais uma vez surpreendidos com um espetacular menu – ainda melhor que o primeiro.
Para quem ainda não conhece, o restaurante é de culinária catalã com toques contemporâneos, especialmente de gastronomia molecular. A culinária dessa região da Espanha, que fica entre o mar (Mediterrâneo) e a montanha (Pirineus), mescla e harmoniza ingredientes provenientes de ambos: peixes e frutos do mar; carnes, legumes, vegetais, cogumelos, ervas, azeites, amêndoas, avelãs.
Já a gastronomia molecular é o toque especial que divide opiniões. Trata-se da utilização da ciência para o preparo dos alimentos, com técnicas especiais e ingredientes como sais espessantes e nitrogênio líquido. O resultado são novas texturas e aparências que realçam os pratos. O famoso chef Ferran Adrià (que é da região da Catalunha também) é precursor do estilo.
Dito tudo isso, voltemos ao Xavier260, restaurante comandado pelo chef Xavier Gamez, espanhol estabelecido em Porto Alegre e que possui o único restaurante do gênero no país. Atenção: é altamente recomendado para quem é aberto a novas experiências, gosta de ser surpreendido e se propõe a sair da zona de conforto de um bom filé com batatas ou massa. O menu muda todo mês e inclui entrada, primeiro prato, segundo prato e sobremesa. É informado no site e permite alterações para quem tem alguma restrição alimentar, desde que avise com antecedência. O jantar pode ser harmonizado com vinhos – opção altamente recomendável!
A entrada foi um creme de cogumelos ostra, alhos novos e cogumelos cardoncelo salteados, servido com ovos de codorna cozidos a baixa temperatura e amêndoas tostadas.
Um creme de inverno perfeito, bem aveludado. Os cogumelos salteados deram textura ao prato, e os ovos de codorna, da forma que foram preparados, explodiram suavemente na boca. Para harmonizar, vinho branco.
O primeiro prato foi filé fresco de corvina dourada de Rio Grande com molho romesco, servido com texturas de quiabo. Sim, quiabo, e ficou excelente!
O molho romesco é muito típico da culinária catalã, e mistura amêndoas, avelãs e alho triturados; sabor incrível! Que bom que foram servidas fatias de pão junto com o prato, assim deu para limpá-lo e não deixar sobrar nada. O quiabo apareceu de duas formas diferentes: tiras grelhadas bem sequinhas e crisps bem crocantes. E o ponto do peixe? Simplesmente perfeito, coisa não muito fácil de encontrar por aí. Para harmonizar, vinho rosé.
O segundo prato foi magret de pato moulard com molho de pato, ameixa e damasco, servido com purê de batata roxa doce, torresmo de pato, agridoces de yacon e texturas de beterraba. Antes de falar do sabor, impossível não comentar a apresentação, uma verdadeira obra de arte com essas cores fortes de inverno.
A presença do pato no menu foi para não decepcionar os fãs de carne. A textura de beterraba era uma folha que decorava o prato e levantou a questão se seria comestível ou não. Tudo comestível, evidentemente. A yacon é uma batata de origem andina de sabor levemente adocicado, lembrando maçã – um sabor diferente que provamos pela primeira vez. Para harmonizar, vinho tinto.
Para fechar, a sobremesa: espuma de chocolate amargo com confit de laranjinha kinkan, esferas de manga com suco de laranja, ar de maracujá, geleia de hibiscos e chocolates branco, ao leite e amargo com sais exóticos e raspas de cítricos.
Mais um prato lindo, artístico e cheio de texturas. E atende perfeitamente aos nossos requisitos para sobremesa: é leve e tem chocolate (belga, claro). E chocolate misturado a cítricos não tem erro; só a laranjinha kinkan estava um pouco azedinha demais. O toque da gastronomia molecular ficou incrível: espuma de maracujá e esferas de manga que explodiram na boca e jamais serão esquecidas. Para harmonizar, vinho de sobremesa com sabor pronunciado de figo, simplesmente maravilhoso.
Os vinhos harmonizaram perfeitamente com os pratos, e isso deixa o jantar ainda melhor. Mas era muito vinho – não conseguimos finalizar todas as taças!
Casa cheia, ambiente acolhedor, excelente atendimento e comida perfeita numa noite de inverno: é o pacote completo. Ao final do jantar, o chef passa em todas as mesas para conversar com os comensais e receber os cumprimentos (pelo que ouvimos, todos positivos). É preciso valorizar um restaurante em que o chef está presente, faz o jantar e ainda dá atenção para o público.
Nossa mesa foi a última. Com alegria ouvimos que muitos clientes chegaram lá através do nosso primeiro post. E assim encerramos a noite, com um bate papo gostoso com o simpático e competente Xavier, um último brinde de vinho do porto e mais uma excelente experiência gastronômica na memória.
Maiores Informações:
Oi Pati!
Bom dia! Teu sogro deve ter ficado ás lágrimas vendo as taças de vinho por beber ….rsr E quanto custa por pessoa a experiência? Beijo e boa semana
Oi Roberto!
No site deles tem todas as informações, vale a pena conferir.
Abraço,
Pati