Por Patrícia
Um domingo desses bateu aquela vontade de comer Ovos Benedict, gosto adquirido após a nossa última viagem aos EUA. Para quem não conhece, trata-se de ovo pochê servido sobre pão com presunto e recoberto com um delicioso e aveludado molho holandês.
Por sorte Porto Alegre já conta com alguns restaurantes oferecendo o prato, coisa que não existia até um tempo atrás. Então lá fomos nós. Para nossa surpresa, nos deparamos com um preço de R$ 32 para o prato que era oferecido como entrada.
Nesse momento, inevitavelmente, surgiu a reflexão: não seria um pouco demais para um prato à base de pão, ovo e presunto? Será que a técnica envolvida é tão complexa que justifica o preço alto? Google, responde por favor?
Receita na mão, invadimos a cozinha determinados. Um gourmet determinado pode ter a mesma paixão de um chef… Porquê não? 😉
André ficou encarregado dos ovos pochê. Ferveu uma panela cheia de água, fez um grande redemoinho com a colher e delicadamente colocou o ovo no redemoinho. Repetiu o processo 4 vezes, e o resultado foram 4 ovos pochê perfeitos. Nada mal para quem nunca tinha feito qualquer tipo de ovo que não fosse frito.
Eu me encarreguei do molho holandês. Trata-se de um molho à base de ovos e muuuita manteiga, com um toque de pimenta, limão e vinagre, que pela natureza delicada precisa ser feito em banho-maria. Como não tenho paciência nem panelas adequadas para isso, fiz direto em fogo baixo, tomando o cuidado de não deixar a mistura esquentar demais. A parte nervosa da receita é que a mistura de gemas precisa ser constantemente batida para não talhar, enquanto se acrescenta a manteiga derretida em fio. E não é que deu certo?
O resto foi montagem. Pegamos dois bagels comprados em uma ótima padaria, cortamos ao meio e levamos ao forno para uma rápida aquecida. Colocamos nos pratos, um excelente presunto defumado por cima, em seguida os ovos e por fim o molho. Confere o resultado:
Rápido, fácil e barato. E modéstia à parte, podemos garantir que não ficou devendo nada para qualquer restaurante. E sabe quanto custou tudo? R$ 18, ou seja, R$ 9 por prato. Sabe quanto custou em San Francisco, uma porção generosa com batatas deliciosas de acompanhamento? US$ 10.
Não, nós não vamos desmerecer os restaurantes. Os custos envolvidos são altíssimos: aluguel de ponto, folha de funcionários, decoração, capital de giro, know-how. Sem falar que comer fora nos poupa tempo e tempo é valioso hoje em dia. Mas comer fora no Brasil está caríssimo. Facilmente uma refeição pode ultrapassar os R$ 100 por pessoa, seja em Porto Alegre ou em São Paulo.
Mas sabe quando topamos pagar mais? Quando somos surpreendidos por um prato criativo, diferente, arrojado e, acima de tudo, difícil de fazer em casa. É a receita inovadora, o ingrediente difícil de achar, a técnica envolvida. Não somos nem nunca seremos “mãos-de-vaca” para a gastronomia, pois acreditamos que é um investimento para o estômago e para a alma, mas queremos sim “um plus a mais”. Caso contrário, mãos à obra e vamos para a cozinha, pois cozinhar é terapia e diversão.
Very well, se interessou pela receita? Confere no site do Panelinha.
Perfeito!
Concordo plenamente! Gosto de saber que o prato que vou comer deu trabalho.
Comer fora tem que valer muito a pena e superar os meus talentos, sempre.
Pois é, né Sueli? Quem não se intimida com a cozinha quer mais é ser surpreendido quando come fora! Obrigada pelo apoio 🙂