A menos de 20km de distância de Paris fica Versailles, cidade mais conhecida por abrigar um dos maiores palácios do mundo, o mais sofisticado château da França, outrora centro do poder do Antigo Regime. Basta uma visita ao Château de Versailles para compreendermos melhor toda a glória e opulência da antiga realeza francesa.
É um passeio fácil fácil a partir de Paris. Menos de meia hora de trem, algumas quadras a partir da estação e voilà.
Nós já estivemos duas vezes em Versailles, uma na primavera e outra no outono, e podemos dizer que há muito para ver. Especialmente se levarmos em conta a vastidão dos seus jardins, e que visitá-los é um programa delicioso.
O château
Não se assuste com o tamanho gigantesco; somente determinadas alas estão abertas à visitação turística. Ainda assim, há muito para ver, e a tarefa pode ser bem estressante devido ao sempre elevado número de visitantes – em média 8 milhões por ano.
Sua riqueza é impressionante; tudo ali é over – paredes, pisos, tetos, mobília, adornos, obras de arte. Recursos como mármore, ouro, pintura e tecidos caros são usados em larga escala. Os pontos de maior interesse são o famoso Salão dos Espelhos, o Quarto da Rainha e a Capela Real.
O Salão dos Espelhos é a parte mais interessante da visitação e tem sua importância histórica; ali foi ratificado o Tratado de Versailles, que pôs fim à primeira Guerra, em 1919. Trata-se da galeria principal do palácio e conecta os apartamentos do rei e da rainha. Detalhe interessante da arquitetura daquela época, os salões de festas tão próximos das áreas íntimas. De um lado, uma parede de mármore com espelhos, um dos mais caros itens de decoração do século XVII; do outro, 17 grandes janelas revelando uma ampla visão dos extensos jardins, que por sua vez se refletem nos espelhos.
Completam o “modesto” ambiente uma abóbada ornada de pinturas, gigantescos lustres pendentes, luminárias de piso em forma de escultura e muitos detalhes dourados.
O Quarto da Rainha ficou famoso por ser o lugar onde vinham ao mundo os filhos dos reis sob os olhares atentos da corte. Cada geração com a sua mania…
As paredes revestidas com tecidos florais sofisticados revelam o toque feminino da última soberana que habitou o Palácio, Maria Antonieta.
A Capela é toda em mármore branco, possui colunas coríntias e murais barrocos. Uma curiosidade, a parte superior era dedicada à realeza e a parte inferior, à corte – a hierarquia não seria desconsiderada nem mesmo nesse espaço.
Os jardins
Saindo do château, temos uma bela dimensão da extensão dos jardins e do que nos aguarda. Não dá para subestimar os cerca de 700 hectares de área verde, e nem cair na ilusão de conhecer cada pedaço daquele lugar. Ao longo dessa espécie de “avenida” principal há diversas entradas para diferentes jardins.
A construção dos jardins de Versailles, a cargo do mais famoso paisagista da França, André Le Nôtre, durou o mesmo tempo da construção do palácio. Jamais foi considerado um elemento de menor importância. Cada jardim é único e traz uma surpresa, seja pelo traçado geométrico dos canteiros, os adornos, as esculturas, as fontes, os espelhos d’água, os tipos de flores. Para realmente entender o termo “jardim francês”.
Quem vai à Versailles na primavera, de março a outubro, pode aproveitar o Les Grandes Eaux Musicales e Les Jardins Musicaux – As Grandes Águas Musicais. Um espetáculo de águas, música e luz. A música clássica francesa invade os domínios do château, embalando os passeios pelos jardins e dando maior dramaticidade ao jorro da água das fontes – experiência inesquecível. À noite, somam-se as luzes (esse, um espetáculo que infelizmente não presenciamos).
Ouvir música clássica francesa nesse ambiente nos remete de volta aos tempos da corte. Com um pouco de imaginação quase podemos ver as damas com seus vestidões esvoaçantes desfilando ao lado dos pomposos cavalheiros. As regras de etiqueta elaboradas por Luís XIV eram bastante curiosas. Além de dizer como as pessoas deveriam se portar, também diziam o tipo de atividade que as pessoas deveriam fazer. Por exemplo, as damas deveriam passar seu tempo bordando, costurando, pintando, fazendo seus próprios cosméticos, escrevendo cartas. Os cavalheiros poderiam praticar alguns esportes como caça e esgrima, dançar, discursar, escrever cartas e participar de batalhas. Rotina estafante, hein? 🙂
Se você optar por conhecer vários dos jardins laterais, no final do dia chegará ao Grande Canal, uma espécie de piscina gigante com quase dois quilômetros de extensão, onde aconteciam verdadeiras festas e espetáculos a bordo de barcos.
Às margens do Grande Canal, nas áreas mais abertas dos jardins, é permitido fazer piquenique. Muita gente aproveita, o ambiente é muito convidativo – programe-se. Também anualmente acontece um grande piquenique no verão, chamado Le Déjeuner sur l’Herbe, uma homenagem ao famoso quadro de Manet. Todos devem se vestir de branco. Quer coisa mais deliciosa que uma atividade dessas ao ar livre?
O Petit Trianon e o Hameau – os domínios de Maria Antonieta
A vida na corte era bastante ostensiva, até mesmo para a rainha. Maria Antonieta então criou seu próprio refúgio, um lugar onde poderia receber os amigos mais íntimos (somente sob convite) e brincar com seus filhos longe dos olhares alheios.
Estivemos por lá num dia ensolarado de outono e acessamos o Domaine por uma entrada secundária, a Porte St. Antoine. Fizemos um agradável passeio por esse caminho arborizado.
O Petit Trianon é um palacete onde prevalece a decoração feminina de bom gosto da rainha: cores rosadas, tons pastéis, delicados detalhes, tecidos florais. Lindo demais.
Sua cozinha, bastante simples, servia apenas para aquecer refeições. Nobres de menor estirpe trabalhavam lá, pois a rainha não permitia plebeus perturbando a sua privacidade.
A propriedade também conta com os seus jardins, um francês e outro inglês. No jardim francês está localizado o Pavilhão Francês (que era destinado a jogos e almoços), a Capela e o Teatro (onde Maria Antonieta fazia suas performances artísticas – espaço lindo e muito bem preservado).
O jardim inglês é a grande atração do lugar. Com menor rigor paisagístico, ali se veem campos floridos, árvores e arbustos, um lago artificial e até mesmo uma gruta. Também conta com algumas pequenas edificações, como o Belvedere (um salão de música) e o Templo do Amor.
Mas, sem dúvida, a maior atração desse jardim inglês é o Hameau de La Reine. Trata-se de uma pequena aldeia que é a reprodução de um pedaço da Normandia, com 11 casas no referido estilo, lago artificial, farol, hortas, pomares, vinhedos, jardins, vacas e ovelhas.
Esse era o cenário perfeito para os momentos de total informalidade de Maria Antonieta. Um pequeno paraíso que revela uma grande extravagância da polêmica rainha.
Mas ainda não acabou. Resta o Grand Trianon, o palácio de mármore rosa que era o “refúgio” do rei. Nós passamos rapidamente por lá, no final do dia, e não fizemos grandes registros, mas é bonito e é claro que vale uma visita se houver tempo de sobra.
Se a tarefa de caminhar pelos domínios do Château parecer exaustiva, você pode alugar um carrinho de golfe com GPS e explorar a área com mais conforto. Luxo, não? É Versailles!
No cinema
Antes ou depois de uma visita à Versailles, imperdível assistir o filme “Maria Antonieta”, de Sofia Coppola. Mesmo não sendo nenhuma obra-prima do cinema, teve várias cenas rodadas lá. Locações e figurinos perfeitos, além de recriar várias das bizarrices e extravagâncias da realeza e sua corte.
Maiores Informações:
André e Patricia, mais um belo relato das viagens de vocês. Fiquei com vontade de revisitar o lugar, bem como o Morro Saint Michel! Parabéns! Cris SBAV
Oi Cris!
Que bom te ver por aqui! Muito obrigada pelo comentário. Nós também voltaríamos a Versailles, principalmente pelos jardins e para ver as águas noturnas.
Ah, e quanto ao Mont St Michel… Não deixa de ser um morro, né? 😀
Bj
Pati
Oi, Pati. Tudo bem? 🙂
Seu post foi selecionado para a #Viajosfera, do Viaje na Viagem.
Dá uma olhada em http://www.viajenaviagem.com
Até mais,
Natalie – Boia
Oi Natalie!!
Muitíssimo obrigada! Sabe que adoramos estar por lá, né? 😉
Bj
Pati
Morro, urgh, Mont Saint Michel, sorry
😀 😀 😀
Adorei a leitura . Parabéns e beijos.
Corina loureiro
Oi Corina
Bom te ver por aqui! Que bom que curtiu nosso post, muito obrigada!
Bj
Pati
Lugar encantador com visão bem interessante!Gostei muito!
Oi Rita
Que bom! Ficamos felizes, então! 😉
Versailles é mesmo bem interessante e com muita coisa para ver.
Bj
Pati
Que excelente relato! Estive no mês passado em Versailles e várias partes do jardins estavam em reforma. Além disso estava um frio de zero grau e as árvores todas desfolhadas. Agora quero voltar no verão. Uma dica preciosa: o aluguel de bicicletas! Nada é mais charmoso do que andar de bicicleta por lá. Foi o ponto alto do passeio e que nos permitiu visitar partes que não conseguiríamos a pé.
Parabéns pelo site!
Elisa
Muito obrigada, ficamos muito felizes com o seu comentário! E obrigada por complementar o post com a informação das bicicletas! Realmente, é um lugar perfeito para pedalar, e assim dá para explorar muito melhor a área. Minha sugestão é que volte na meia-estação, para aproveitar bastante. Na primavera pegamos um dia lindo mas muito quente, prejudica um pouco os passeios, dependendo da tolerância que se tem ao calor… No outono pegamos um dia lindo e friozinho gostoso, além de cores incríveis no Hameau. 😉
Abraço,
Pati
Belíssimo post, Pati! Fotos lindas e, como sempre, trabalho primoroso de vocês.
Revi os bons e agradáveis momentos que passamos ali. Bateu uma saudade!
Parabéns e super beijo.
Obrigada, Sueli!
Só de escrever já ficamos com saudades também. Como é gostoso passear por lá, ainda mais nessa época!
Bj
Pati