Para encerrar os posts sobre a Normandia, vamos falar de duas cidades que serviram de pit-stop nessa viagem. Elas talvez não sejam nem as mais bonitas nem as mais desejadas, mas são encantadoras na sua simplicidade e nos renderam algumas horas de tranquilidade e, como não poderia deixar de ser, de história.
Bayeux na ida – uma grata surpresa
Quando a proposta é sair dirigindo por um país desconhecido, ou sem um plano pré-estabelecido de roteiro, as surpresas podem ser boas ou ruins. Claro que uma pausa para o almoço seria necessária… Mas onde? Resolvemos parar na segunda cidade que avistamos assim que a fome bateu (a primeira era Caen, que nos pareceu grande demais). E foi assim que Bayeux entrou na nossa vida.
Bayeux foi a primeira cidade a ser libertada na Batalha da Normandia, após o Dia D, durante a Segunda Guerra Mundial. É uma cidade de cerca de 14 mil habitantes, cortada pelo Rio Aure e tem uma atmosfera deliciosa de cidade do interior da França.
Diga-se com isso: ruas bem cuidadas, um conjunto arquitetônico simples mas harmonioso, muitas flores para alegrar a paisagem. Tudo isso para nos fazer sonhar em largar tudo e escolher um lugar desses para viver.
A grande atração de Bayeux é a sua catedral, muitíssimo bem preservada. Sim, é uma Notre-Dame, considerada uma obra-prima da arquitetura romana e gótica normanda.
Ali existe uma mistura de estilos. Com construção iniciada no século XI, a base da catedral é romana, as adições entre o século XII e XIII são góticas e a partir daí, até o século XIX, as intervenções são de estilo clássico e neo-clássico. A catedral também conta com uma interessante cripta.
Definitivamente vale a visita. Ficamos imaginando como a iluminação noturna deve ser interessante e ressaltar a riqueza de detalhes externos.
A cidade ainda é famosa pela sua tapeçaria, que relata a conquista da Inglaterra pelos normandos. Trata-se de um painel de 70 metros de pura história medieval contada em formato similar aos quadrinhos.
Para o almoço, aquela comidinha de bistrô. Num bistrô bem pertinho da catedral. O cuidado com arrumação da janela chamou a atenção… Não poderia ser mais francês!
A sobremesa foi o momento marcante: doces típicos normandos (aqui, leia-se galette – crepe? e pudim). 🙂
Para encerrar muito bem essa passagem rápida mas tão agradável por Bayeux. Essa encantadora cidade poderia servir muito bem de base para uma visita à Normandia, principalmente se o objetivo fosse uma visita com mais calma às praias do Dia D.
Avranches na volta – conexão histórica com o Mont-Saint-Michel
Como almoçar no Mont-Saint-Michel definitivamente não era uma opção, dessa vez nossa eleita foi a cidade de Avranches, não muito distante de lá.
A cidade tem cerca de 9 mil habitantes e é mais uma sobrevivente dos tempos difíceis; foi quase que totalmente destruída durante a Segunda Guerra. Um monumento próximo à Prefeitura da cidade homenageia os mortos da Primeira Guerra.
Detalhe interessante: esse mesmo monumento guarda marcas das balas de canhão da Segunda Guerra na sua parte de trás, onde foi colocada uma placa. Testemunho duplo dos fatos.
Encontramos a primeira igreja do dia e decidimos entrar. Trata-se da Basílica St. Gervais d’Avranches, do século XVII, em estilo neoclássico.
Descobrimos uma curiosa conexão com o Mont-Saint-Michel: ali está exposto como relíquia o crânio de Saint Aubert, o bispo que fundou o monte. Reza a lenda que o arcanjo Miguel apareceu para o bispo numa visão, ordenando a construção de um oratório no monte, mas não recebeu a devida atenção. Então fez uma segunda aparição, dessa vez tocando a cabeça do bispo com seu dedo e perfurando assim seu crânio.
Isso que mais parece um buraco de bala é na verdade uma prática cirúrgica chamada de trepanação. Na Idade Média ela era utilizada para curar epilepsia, doenças mentais ou ainda retirar maus espíritos e demônios. Bom, está explicado! 😉
Saindo dali exploramos as ruas tranquilas daquele entorno, charmosas, quase vazias. É deliciosa a sensação de conhecer um lugar diferente e livre dos apelos turísticos.
A arquitetura da Normandia é sempre um deleite, com suas paredes de pedra, telhados inclinados, janelas ornadas com cortinas delicadas e flores. Irresistível dar uma espiada na casa dos outros, assim, mais de perto…
Por aqui notamos também algumas casas com arquitetura um pouco mais sofisticada.
E chegamos a uma igreja maior que a primeira que visitamos; é a Notre-Dame-des-Champs. Foi construída no século XIX, em estilo gótico, para restaurar a vida religiosa da cidade após a destruição da catedral anterior durante um bombardeio na Segunda Guerra.
Perto dali está o Jardin des Plantes, o Jardim Botânico da cidade. O espaço é agradável e muito bem cuidado, daqueles que dão vontade de levar uma toalha, um livro e uma taça de vinho.
É dali que se tem uma linda vista do Mont-Saint-Michel, ao longe. Pela sua localização, Avranches é bastante procurada por quem quer visitar o monte mas não quer se hospedar por lá.
Ah, o almoço? Perfeito, o melhor que tivemos na região. Mas infelizmente o restaurante não existe mais!
Então essa foi nossa passada pela Normandia. Alguns lugares planejados, outros não. Fica a certeza de que, se há um lugar onde é delicioso sair do circuito turístico, esse lugar é o interior da França.
Isso não é tudo
Certamente ainda há lugares incríveis que queremos explorar pela Normandia, como Étretat, Deauville, Trouville, Honfleur. Também gostaríamos de alugar uma casinha por lá e viver como camponeses por uns dias, comendo os melhores lácteos do mundo e bebendo cidra, sem se preocupar com o relógio. Mas enquanto não fazemos tudo isso, e se você quiser se deliciar um pouco mais com a região, confira também nosso post sobre Giverny e os Jardins de Monet.
Maiores Informações:
Oi, Patrícia. Tudo bem? 🙂
Seu post foi selecionado para a #Viajosfera, do Viaje na Viagem.
Dá uma olhada em http://www.viajenaviagem.com
Até mais,
Natalie – Boia Paulista
Oi Natalie!
Que alegria, muito obrigada! 😀
Bj
Pati
Bah, que cidadezinha simpática!
Eu certamente ia ter vontade de ligar para o chefe ou equivalente e dizer “Ó, vou ficar por aqui mesmo.” e depois ligar pra família pra dar o endereço novo.
Desculpe se estou sendo pendate, mas o doce não é tecnicamente um crêpe?
Outra coisa: que bizarro aquele crânio!
Parabéns por mais uma relato delicioso e pelas lindas fotos.
Oi Guilherme
Obrigada, que bom que gostou! Mas fiquei curiosa pra saber se tu gostou mais de Bayeux ou de Avranches 🙂
Quanto ao doce, a diferença entre crepes e galettes é a farinha utilizada, nas crepes é farinha de trigo branca e nas galettes farinha de trigo sarraceno. Os recheios podem ser doces ou salgados para ambas. Na Normandia a galette é mais comum, mas essa da foto parece meio pálida para galette mesmo! 😉
Abraço,
Pati
Olá! Tudo bem…?
Meu marido e eu faremos nossa primeira Euro Trip em Maio/13, e adorei seu Blog, me identifiquei muito com suas preferências de passeios e turismo.
E estamos na dúvida com a parte do roteiro dentro da Suiça, gostaria de tirar duvidas sobre meios de transporte, se foi de carro ou de trem, e quantidade de dias que se hospedou em cada cidadezinha da Suiça.
Poderia entrar em contato conosco via email?
Pensamos em nos hospedar numa cidade, por exemplo em Lauterbrunnen, e utilizar como Pit Stop, e a partir dela ir para Interlaken, Grindelwald, Montreaux, e passar 02 dias em Lucerna.
Poderia nos auxiliar?
Obrigada!
Aline
Aline
Obrigada pela visita, que bom que gostou do blog! E parabéns, primeira Eurotrip! Prepare-se pra não parar nunca mais… Isso vicia muito! Bom, vou te dar a resposta por aqui pois dúvidas ajudam a enriquecer o conteúdo do blog, ok? 🙂
O melhor meio de transporte na Suíça, definitivamente, é o trem. Ele é eficiente, moderno, pontual e te leva para todos os lugares. Sem falar que alguns deles são panorâmicos (uma maravilha, mas nesses a reserva é recomendada).
Nós estivemos em todas as cidades que você citou, exceto Lucerna. Começamos por Montreux (duas noites) e depois seguimos para os Alpes, que é uma região um pouco mais distante dali. Passamos primeiro por Grindelwald (duas noites) e dali voltamos para Interlaken, onde fizemos nossa base principal (quatro noites). Interlaken é perfeita para isso, pois ela é um pouco maior, com mais infraestrutura, muitas opções de esporte e atividades afins, lindíssima e perto dos lugares interessantes, permitindo ótimos bate-volta (Lauterbrunnen e Grindelwald ficam pertíssimo e Berna e Lucerna ficam um pouco mais longe).
Se vocês pretendem conhecer Montreux, é melhor passar por lá na ida ou na volta. Quanto à melhor base nos Alpes, depende do perfil de vocês. Interlaken tem os atributos já citados. Vilarejos como Lauterbrunnen são mais pacatos e o forte das atividades acontece de dia, em contato com a natureza; são de tirar o fôlego.
Na nossa opinião, a maioria dessas cidades podem ser conhecidas num dia, pois são pequenas e tranquilas, mas aí entra a questão do tempo, do orçamento, do estilo de viajar, das atividades pretendidas. Para fazer tudo com mais calma, quem sabe dois dias? Pensem nisso, e se as dúvidas persistirem, estamos aqui! 😉
Abraço,
Pati
Nunca pensei em visitar a região, mas tenho lido a respeito e começo a ter coceiras (rsrs). Amei o post e as imagens são um sonho e imagens são sempre o inicio dos projetos de viagem, não?? Abraços,
Paula do Mochilinha Gaúcha
Paula querida!
Obrigada pela visitinha, feliz que curtiu o post! As imagens são tudo, não é mesmo? É por onde podemos viajar sem sair do lugar… Considere mesmo a Normandia, uma região pra lá de encantadora!
Bj
Pati
Apaixonado e inspirador relato!
Amei, como sempre.
Beijo
Querida Sueli
Obrigada, que bom que curtiu o post! Nossa passagem pela Normandia foi curta mas marcante por toda sua história, adoramos. Como é bom poder relatar esses momentos!
Bj
Pati
Curti muito!Parabéns!
Abraço!
Rita
Rita
Que bom! Obrigada pela visita!
Bj
Pati
Pingback: Descubra a Normandia | Nosso guia completo para você!
Pingback: Turismo na Normandia - O melhor lugar pra ir na França | Papo de Turista