Momento de se despedir da Suíça. Hoje fechamos a série de posts com o que, na nossa opinião, traduz perfeitamente a essência desse país.
Lá não vimos museus, nem boutiques, nem restaurantes caros. Não tinha nenhuma exposição acontecendo, nem grandes grupos de turistas. Carros eram poucos, nenhum de luxo. Habitantes, pouco menos de 3 mil.
Quando descemos do trem, a certeza de que havíamos encontrado um lugar incomum.
Uma pequena vila encravada entre dois paredões gigantescos de pedra, guarnecidos de altíssimas cachoeiras – são 72 ao longo de todo o vale. Seu nome pode derivar daí (Lauterbrunnen pode significar “muitas cachoeiras” ou ainda ser uma referência ao barulho delas).
Uma estradinha leva até não sei onde, nem precisa saber. Seguimos por ela. O que importa é o que está no caminho.
Difícil de acreditar e fácil de invejar. Casas sem cercas, rodeadas de campos muito floridos e com direito a cachoeira nos fundos. Um quintal e tanto.
Vacas pastam tranquilamente pelos campos. Não questionamos mais a qualidade do leite suíço.
Misture o som suave das sinetas penduradas no pescoço das vacas com o barulho das quedas d’ água, que estão muito próximas. E mais nada. Esse é o som de Lauterbrunnen. Uma atmosfera etérea.
O lugar do descanso eterno integra-se à paisagem, sem agredir os olhos. Uma bonita homenagem aos que se foram.
Nos aproximamos do que seria o centro da vila, uma aglomeração um pouco maior de casas. Juramos que esse cenário é familiar (teria sido sonho, calendário ou alguma foto recebida por e-mail?).
Alguns chalés estão muito próximos aos paredões de pedra. As venezianas verdes das janelas despertam a curiosidade, estão presentes em (quase) todos os chalés daqui. O que mais gostamos no verde é que, inserido num cenário natural como esse, funde-se à paisagem.
Aqui, um flagrante de atitude verde. Encontrar um telhado ecológico em pleno vilarejo suíço surpreende. Parece mais o tipo de coisa que espera se ver na cidade e não no campo. Parabéns para eles.
Se precisar abastecer o carro, é bom saber como fazer isso. Nada de frentistas, muito menos lojinha de conveniência.
Depois dessa caminhada deliciosa, pausa para um almoço no Restaurante Steinbock, que mais parece a casa de alguém. Perfeito para saborear a típica comida suíça (que aqui é bem alemã, com suas batatas rosti e deliciosas linguiças). O dono do lugar é também o chef e o atendimento é simpático. Detalhe gostoso, todos os clientes parecem ser “lauterbrunnienses”.
À tarde, trem novamente para subir mais um pouco. Ao menos uma passada por Wengen, o vilarejo no alto de um dos paredões, a 400 metros de altitude em relação ao vale. Força na cremalheira de novo.
Ao que parece é hora da sesta, a vila está muito tranqüila. Detalhe, por aqui não circulam carros. E lá estão as venezianas verdes de novo.
Algumas casas parecem dignas de contos de fadas. Gostamos de ver o cuidado com os detalhes que ornamentam as fachadas e a harmonia de tudo isso com o ambiente.
Optamos por voltar a Lauterbrunnen a pé. Essa foi nossa estratégia para as montanhas na Suíça, trem para subir, trilha para descer. Encontramos companhia por boa parte do trajeto.
Os gatos na Suíça são incrivelmente amigáveis. Nós já estávamos pensando em como trazer esse bichano para o Brasil, até que ele finalmente nos abandona. Mais adiante temos outro encontro inusitado, um pouco mais tenso.
E aos poucos o vilarejo de Lauterbrunnen se revela.
Dizem que o vale de Lauterbrunnen foi a inspiração de Tolkien para criar o vale de Rivendell, da saga O Senhor dos Anéis. Ele andou por ali em 1911 e fez questão de imortalizar essas vistas na sua obra. Não duvidamos. Essa paisagem, esse lugar, toca a alma.
Esse é um dos motivos pelos quais viajamos. Para ter lugares e imagens como essa gravadas para sempre na memória. E também para conhecer estilos de vida completamente diferentes do nosso, como o dessa gente que vive num lugar tão incrivelmente belo, tão pacífico, sem cercas e sem grande parte dos luxos da vida moderna.
Maiores Informações:
Só um pouquinho que eu vou ali juntar meu queixo…
Sério, não parece real isso.
Que lugar espetacular, que fotos e que texto!
É exatamente isso… Não parece real! Muito diferente do nosso mundinho!
André/Patricia,
Mais um relato encantandor que vocês nos brindam. Os encantos da Suíça ficam ainda maiores quando a sua essência é tão bem compreendida.
Quanto aos gatos, são um caso a parte na Suíça. Em Bern fomos seguidos por um da Casa de Einstein até o carro e só faltou entrar nele. Abraços!
Mario
Mário!
Que bom te ver por aqui de novo, e que bom que gostou do relato! Fico feliz em saber que conseguimos trazer à tona um pouco da essência dos lugares, pois isso torna o blog com certeza muito mais interessante. Quanto aos gatos suíços, que coisa hilária hein? Além deste em Lauterbrunnen, tivemos um caso similar em Interlaken! Talvez por viverem em lugares pacatos não estejam familiarizados com a maldade humana contra animais… Ou então foram muito com a nossa cara, rsrsrs!
Abraço,
Patrícia
André e Patrícia,
Qual foi o roteiro que vcs fizeram? Vcs dormiram nessas cidades?
Estou com planis de ir para a Europa e me dedicaria 5 dias nas Suiça, 2 em Lucerna, ficaria em Lauterbrunnen e de la faria bate e volta e. interlaken, grindewald, e topo da europa. Um dia em cada lugar, indo cedinho e voltando a noite. É suficiente?
Bruno
Uma leitora intitulada “Aline e Bruno” fez praticamente a mesma pergunta num dos nossos posts sobre a França… Seriam a mesma pessoa? Vou reproduzir a pergunta e a resposta aqui.
Aline e Bruno disse:
22/01/2013 às 13:33
Olá! Tudo bem…?
Meu marido e eu faremos nossa primeira Euro Trip em Maio/13, e adorei seu Blog, me identifiquei muito com suas preferências de passeios e turismo. E estamos na dúvida com a parte do roteiro dentro da Suiça, gostaria de tirar duvidas sobre meios de transporte, se foi de carro ou de trem, e quantidade de dias que se hospedou em cada cidadezinha da Suiça. Poderia entrar em contato conosco via email?
Pensamos em nos hospedar numa cidade, por exemplo em Lauterbrunnen, e utilizar como Pit Stop, e a partir dela ir para Interlaken, Grindelwald, Montreaux, e passar 02 dias em Lucerna. Poderia nos auxiliar?
Obrigada!
Aline
Aline,
Obrigada pela visita, que bom que gostou do blog! E parabéns, primeira Eurotrip! Prepare-se pra não parar nunca mais… Isso vicia muito! Bom, vou te dar a resposta por aqui pois dúvidas ajudam a enriquecer o conteúdo do blog, ok? 🙂
O melhor meio de transporte na Suíça, definitivamente, é o trem. Ele é eficiente, moderno, pontual e te leva para todos os lugares. Sem falar que alguns deles são panorâmicos (uma maravilha, mas nesses a reserva é recomendada).
Nós estivemos em todas as cidades que você citou, exceto Lucerna. Começamos por Montreux (duas noites) e depois seguimos para os Alpes, que é uma região um pouco mais distante dali. Passamos primeiro por Grindelwald (duas noites) e dali voltamos para Interlaken, onde fizemos nossa base principal (quatro noites). Interlaken é perfeita para isso, pois ela é um pouco maior, com mais infraestrutura, muitas opções de esporte e atividades afins, lindíssima e perto dos lugares interessantes, permitindo ótimos bate-volta (Lauterbrunnen e Grindelwald ficam pertíssimo e Berna e Lucerna ficam um pouco mais longe).
Se vocês pretendem conhecer Montreux, é melhor passar por lá na ida ou na volta. Quanto à melhor base nos Alpes, depende do perfil de vocês. Interlaken tem os atributos já citados. Vilarejos como Lauterbrunnen são mais pacatos e o forte das atividades acontece de dia, em contato com a natureza; são de tirar o fôlego.
Na nossa opinião, a maioria dessas cidades podem ser conhecidas num dia, pois são pequenas e tranquilas, mas aí entra a questão do tempo, do orçamento, do estilo de viajar, das atividades pretendidas. Para fazer tudo com mais calma, quem sabe dois dias? Pensem nisso, e se as dúvidas persistirem, estamos aqui! 😉
Abraço,
Pati
Pati, obrigada pela resposta.
Fiquei um pouco dasenimada pois vi que na Suiça em Maio/Junho é chuvoso. Quando vc foi choveu muito nesses lugares? Estou com medo de ir e chover e acabar perdendo dinheiro e tempo sem poder sair e passear.
Abraço
Aline
Oi Aline, é o André respondendo agora.
Pegamos um pouco de chuva sim, e tempo estava nublado na maior parte dos dias como dá para ver pelas fotos. Montanha é assim mesmo, é loteria. O tempo pode virar muito rápido. Mesmo assim, não nos arrependemos de ter ido, e conseguimos aproveitar muito. Meu conselho é não deixar de viajar por causa disto.
Abraço,
André
Pati,
Suas dicas são otimas e me passaram exatamente o que espero encontrar na Suíça.
Estou com viagem marcada para Lauterbrunnen em Julho, mas ainda não tenho hospedagem. Gostaria de saber se tem alguma dica de hotel por lá!!
Abraço,
Matheus Barra
Oi Matheus
Fiquei empolgada em saber que vai conhecer Lauterbrunnen e que gostou das nossas dicas! 🙂
Olha só, não nos hospedamos por lá, portanto não temos dicas de hotéis… Sugiro fazer uma busca no Booking e checar a reputação no Tripadvisor, ok? Desejamos uma ótima viagem e autêntica experiência suíça 😉
Abraço,
Pati
Acho q vou amar esse lugar também amiga!!! Adorei Pati!!!
Nadia
Vai com certeza! Depois me conta!
Bj
Pati
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Olá Pati,
Estou alguns anos atrasado no comentário porque só descobri seu blog hoje enquanto pesquisava alguns itens sobre a Suíça para o trabalho, mas não podia deixar de comentar.
Eu estive em Lauterbrunnen no início de Setembro durante um tour pela Europa e me apaixonei. É um dos lugares mais belos que eu já vi e meu único arrependimento foi não poder ficar mais (passei apenas 3 dias lá).
Você fez aquela pequena trilha que leva para trás da cachoeira, dentro da montanha? Ela começa um pouco depois do cemitério, vale muito a pena, é bem legal. Foi minha primeira experiência em trilha e agora estou com vontade de repetir. Já prometi para mim mesmo que voltarei a Lauterbrunnen em breve para uma estadia mais longa. 🙂
Um Abraço,
Oi Thiago,
Obrigada pelo comentário e pela dica! Infelizmente passamos somente um dia lá, e a única trilha que fizemos foi montanha abaixo, de Wengen para Lauterbrunnen. Se eu pudesse retornar a somente um lugar na Suíça, sem dúvida seria Lauterbrunnen. E digo mais, passaria férias lá, desbravando a região… É muita natureza e muita paz! Ficamos com muita vontade de caminhar ao longo do vale também. Que privilégio poder viajar e conhecer lugares como esse, não?
Abraço,
Pati
adorei a suiça e um pais lindo
Sem dúvida, Leticia! 🙂
Adorei suas dicas… iremos fazer praticamente o mesmo roteiro. Parabéns pelas belas fotos e simpatia com que compartilha sua viagem!!!! Abraços
Obrigada, Patrícia! Muito simpático o teu comentário, adorei!
Bj
Pati (xará) 🙂
Curti muito seu blog!!! Viajo para a Suíça dia 19/05 e estava procurando informações sobre Lauterbrunnen 🙂
Você se recorda quanto custou esta refeição da foto rs??? Quantas horas gastaram andando estes trajetos???
Muito obrigado por compartilhar conosco!!!
Anderson
Oi Anderson!
Obrigada, que bom que curtiu o blog. Nós passamos o dia em Lauterbrunnen e não lembramos quanto custou a refeição.
Abraço,
Pati
Gente, sonhei que estava em uma pequena cidade entre duas montanhas, um vale;não sabia o nome, mas sabia que era na Suíça. Atrás dessa cidade havia uma cachoeira, alta, linda, que aproximei e toquei em suas águas geladas. Conversei com pessoas, vi um pôr do sol lindo. Quando acordei lembrava de tudo com riqueza de detalhes. Resolvi acessar a internet e encontrei esse blog com as fotos de Lauterbrunnen, exatamente igual ao meu sonho. Estou boquiaberta enquanto escrevo. Nunca tinha ouvido falar nessa cidade. Vou entender como um convite para visitá-la! rs
Oi Lohana
Que comentário querido!! Adorei, obrigada por compartilhar! Acredito nessas coisas, sabe? Com certeza você precisa atender ao chamado de Lauterbrunnen. De todas que conheci, essa cidade foi uma das que mais me comoveu. Ainda sonho em voltar lá com calma, quem sabe tirar umas férias mais prolongadas, e desfrutar da beleza e da paz daquele canto do mundo sem pressa.
Abraço,
Pati
Ahh Pati, obrigada pela resposta! Acredito mesmo que foi um chamado…rs. Me incentivou um pouquinho mais a fazer essa viagem!!! Um fraterno abraço!
Oi, Pati! Não é a primeira vez que leio esse post, sempre volto aqui. Tenho planos de ir à Suíça este ano e tenho uma dúvida quanto a trilhas, há um mapa para elas? É bem demarcada, sem muitas bifurcações? Eu vou sozinha e morro de medo de me perder. Obrigada e parabéns pelo post, nunca me canso dele.
Oi Janaina!
Que bacana o teu comentário, fiquei muito feliz! Muito obrigada, é legal saber que tem leitor que volta porque gostou muito de algum post 🙂
Bom, quanto às trilhas. Como fomos na primavera mas pegamos dias dignos de inverno, tinha muita trilha fechada. As que fizemos eram razoavelmente demarcadas, mas teve uma em que pegamos neblina e foi um pouco confuso. Acho que se você for no verão vai aproveitar bastante, imagino que deva ter bastante informação pois é um destino onde o forte é o ecoturismo. Outra opção é ver se tem agências que promovem passeios e trilhas em grupo por lá. Tenta procurar no site da cidade que pretende visitar, ou pedir informação direto no hotel.
Você vai adorar, a Suíça é surreal de tão linda!
Abraço,
Pati